SAUDADES
Voltei lá no passado
Tempo de menina
Sem hora para dormir
Muito menos para acordar...
E se tinha que acordar
Corria mudava os ponteiros
E o pobre do relógio parava
Nem a trás e nem a frente andava...
Amava as manhãs radiosas
Quando o dia nascia
E o sol raiava
E se ele não vinha
Eu logo desenhava...
Tempo de meninice
Que sonhava e queria voar
Entrar dentro do arco íris
Na beira do rio parar...
Despertar uma fada
Radiante de todas as cores
Nuvens de algodão doce
Ou simples jardim de flores...
Saudade
A saudade é algo
que vem sem se querer
É lembrança que
dói sem ter remédio
É sentimento
doido
É a dor de quem
partiu
É aquela vontade
louca
De voltar no
tempo
Reviver aventuras
dos momentos felizes
Saudade é a dor
no peito
Um vazio sem
jeito
É choro de
lembranças
De tudo que foi
vivido
É o riso
descontente de lágrimas contida
A saudade é um
bichinho entra na gente
Rói deixa marcas
Deixa a gente assim
Sem vontade de
seguir...
Saudade
A saudade vive em
mim
O momento
presente
Instantes eternos
Um segundo
Em ascendente
tempo
Aos olhos que não
se vai
Ou não chega ao
fim...
Vive em mim
A saudade da vida
O cheiro de terra
molhada
A brisa que move do
mar
O assovio na
madrugada...
Tudo vive em mim
A saudade eterna
O amor penetra
Não vejo
Não revivo
Deixo atravessar
Ou nem mesmo
ficar...
Passa em mim
Um espectro
Uma lembrança
Saudade, saudade
Só saudade...
Saudade...
... Em mim
é o que não falta
Daquele tempo de criança
Que brincava de gangorra
Sem ter medo do perigo
Voava tão alto queria tocar o céu.
Subir no umbuzeiro
Chupar a frutinha madura,
Rapar o tacho de doce de leite
Ainda quente queimando a língua
E nem tinha medo de dar dor de barriga,
Que delícia era comer bolo quente
Melhor ainda quando comia escondido...
Quem não gostava de correr pelos campos
Andar de pé no chão
Para no lago beber água
Usar as mãos para pegar
Depois não tinha como evitar
A brincadeira de se molhar,
Que delícia era pegar o barro
Amassar era tão bom
Ver escorregando entre os dedos
E modelar bonecos e cavalos
E deixar no sol para secar,
No dia seguinte corria para pegar
O gado tinha pisado
Só restava o barro amassado,
Tudo era tão simples
E tão bom...