sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

ZÉ MATUTO


Já chegou apressado

Nas terras do seu sertão

Disse que era vaqueiro

E tocava violão

Sem esperar resposta

Cantou o Rei do Baião.

X


Trago outras qualidades

Conheço daqui toda lenda

Muitos casos foram contados

Lá na minha varanda

A noite ficava pequena

E pro ganhador tinha prenda.

X

O vencedor se fartava

Com rapadura e queijo

Feito por minha mãe

Orgulho do sertanejo

E pra salgar a boca

Pirão de farofeiro.


X

Do outro lado a resposta

Sou desse chão abençoado

Trabalho de sol a sol

E não venha um abestado

Todo nas bota engraxada

Com seu pé bem calçado.


X

Chega todo engomado

Das bandas do litoral

Aqui a farra é a prosa

Não é luxo de carnaval

Nós aqui se encontra

Não conhece esse virtual.

X

Seu moço eu sou daqui

Trago no sangue a tradição

Se fui embora um dia

Foi de pura precisão

Agora estou de volta

Pra terra do meu sertão.

X

Oxente! Gritou o dono da venda

É Zé Matuto minha gente

Saiu pra buscar a muié

O que ele diz não mente

Vamos receber o amigo

É saudade que ele sente.


X

E foi aquela festança

Zé Matuto tava mudado

Pintou o cabelo de louro

O bigode tava raspado

Mas era o mesmo Zé

Companheiro do passado.


X

Autoria-Irá Rodrigues



A DONZELA

Julieta é bem formosa

O pai criador de gado

Conheceu o Zé Matuto

Achou um moço aprumado

Foi logo feito acordo

Ele se diz apaixonado.


X

Como é um bom rapaz

Queria logo casar

Já ficou tempo demais

Sem alguém pra amar

E logo pro pai da moça

Ele foi se explicar.

X

Tive uma muié safada

Que só queria meu dinheiro

Quando não conseguiu

Fugiu com o primeiro

Que prometeu vida boa

E viajar o mundo inteiro.

X

Então se o senhor permitir

Vamos nos ajuntar

Quando o divórcio sair

Podemos nos casar

Sabendo do seu valor

O pai só fez concordar.

X

Mesmo sem casamento

Teve comemoração

O banquete era fartura

Mataram boi e um leitão

A festa durou três dias

Num faltou animação.

X

Julieta não se cabia

De tanta felicidade

Moraria na fazenda

Dali não teria saudade

O sabor da natureza

Não se compara com a cidade.

X

De início a donzela

Estava envergonhada

Mas sabia que com o Zé

Estaria bem cuidada

Ele é um bom moço

E ela estava enamorada.

X

Quando chegou lá na roça

Naquela casa imponente

Recebida com carinho

Por toda aquela gente

Que lhe trouxeram flores

Deixando-a feliz e contente.

X

Quando andava pela sala

Um sustou ela levou

Um enorme morcego

Perto dela pousou

Correu destrambelhada

O marido a abraçou.


X

A noite chegaram os amigos

Começaram a cantoria

Vieram dar boas vindas

Trazendo toda alegria

Julieta olhava o marido

De amor ela sorria.


X

No dia seguinte bem cedo

Resolveram ir à feira

Zé lhe comprou um anel

Era uma joia verdadeira

Aproveitando o passado.

X

Autoria-Irá Rodrigues



TODO SONHO

 






Vem do coração

Ele não pode ser roubado

Muito menos copiado

É segura pela imaginação.



Todo sonho bonito

Poderia virar realidade

Um momento de felicidade

Menos aquele esquisito.



Que nada se entende

Chega todo embaralhado

Um pesadelo atrapalhado.



Que um sonho lindo

Em cada cena vire um verso

Em cumplicidade com o universo.



Autoria-Irá Rodrigues



AQUARELAS DO AMANHECER

 




A natureza toda bordada

Em tons de aquarela

Fico aqui maravilhada

Olhando da minha janela.


Parece uma tela pintada

Flutuando no universo

Paz, emoção, verdadeira

Descritos em cada verso.


Em cada espaço a sensibilidade

Do verde salpicado de cores

Arco-íris no céu sorrindo

Em sinal de felicidade.


Autoria -Irá Rodrigues

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

DE VOLTA AO PASSADO


É se olhar no espelho
Saudade da juventude
Ver as mudanças de cada dia
As rugas, os cabelos grisalhos
Ser feliz, a melhor atitude.

Reviver as lembranças
Olhando uma fotografia
Vivendo cada história
Escrevendo nossa biografia.

Amanhã recordaremos
E o tempo vai passando
Leva a juventude embora
Os sonhos se apagando.
Restam apenas as fotografias.

Autoria Irá Rodrigues.

MORADA DA POESIA


O verde pra todo canto
No ar cheiro de flores
Aqui a paz faz morada
Meu refúgio, meu recanto.

Aqui onde mora a poesia
Sonhos de adolescência
Lugar onde o vento sussurra
A vida se torna uma melodia.

No meu mundo imaginário
Uma casa ampla de varanda
Um lago de águas azuis
Descrevo o meu cenário.

Sinta o prazer dessa calma
Parece uma tela intocável
O contraste do azul do céu
É um bálsamo em nossa alma.

Autoria Irá Rodrigues.

O AMOR É UMA MAGIA...


Se existe maior riqueza, eu não sei,
Se eterniza o tempo
Momentos assim, são inesquecíveis
Abraço gostoso, sussurro do vento.

O silêncio trazendo paz
Mesmo que o céu não seja estrelado
Importante é viver o momento
Campo verde, um tapete mesclado..

Na fluidez das palavras
O vento suave balança
Na luz do luar
O amor alcança.

Assim foi esse fim de tarde
Suave como espelho da alma
Um mergulho no seu interior
Essa paz que acalma.

Autoria Irá Rodrigues. .

LITERATURA DE CORDEL


É um poema popular

Pode ser impresso

Com versos de rimar

Pode ser também oral

Quem escreve sabe falar.



Sua origem é Portugal

Onde tinha a tradição

Pendurava folhetos em barbantes

E virou uma sensação

Chegou aqui no nordeste

E virou inspiração.



O cordel pode ser ilustrado

Depende de quem escrever

Numa bela xilografia

Retratando o que vai ser

Falar daquele lugar

Conquista a quem vai ler.



O poeta que é cordelista

Quando ele vai recitar

Vai de forma melodiosa

Para o leitor acompanhar

Os versos de uma prosa

Que só ele sabe falar.


Quando chegou aqui no Brasil

Logo o nordeste abraçou

Pernambuco, Paraíba e Ceará

O povo se especializou

Bahia tentando entrar

Mas pouco aqui chegou.



Rio de Janeiro foi longe

Fundou logo sua Academia

A literatura de cordel

Essa cultura que contagia

Para o cordelista tiro o chapéu

E viva o cordel em poesia.



Autoria-Irá Rodrigues



ZÉ MATUTO

 




Zé viajou pra capital

Com seu jeito apaixonado

Pra conquistar a donzela

Comprou perfume importado

O coitado do matuto

Foi de novo enganado.



Assim que chegou

Foi o pior momento

A muié apareceu

E disse sem sentimento

Melhor você ir embora

Não vou lhe causar sofrimento.



Zé Matuto todo empolgado

Sentiu que abria o chão

As lágrimas escorriam

Com aquela situação

Ela estava com outro

Mais uma decepção.



Andou de cabeça baixa

Se encostou num poste

Viajou de tão longe

Novamente não teve sorte

Se sentia um fracassado

Pensou que seria forte.







Autoria- Irá Rodrigues

Santo Estevão-Bahia

Brasil

http://ira-poesias.blogspot.com.br/



EMBRULHANDO A FÉ NA FELICIDADE

 





Vivemos brigando contra o tempo

Buscando a nossa felicidade

Estacionada nesse momento

Se tornando uma raridade

Prisioneira do vento

Eu digo... Ai que saudade.



São tantas notícias ruins

Imagine uma criança

Que só vê na televisão

Absurdos, lamentos e cobrança

E na sua vida de inocência

Onde vai a sua esperança.



Um dia tudo isso vai passar

Que possamos ter vida nova

Talvez hoje, ou amanhã sei lá,

Só sei que tudo isso nos renova

Transforma os nossos sentimentos

E Deus coloca a nossa fé à prova.



Irá Rodrigues

BIOGRAFIA DE IRÁ RODRIGUES

 




IRÁ RODRIGUES, nascida na fazenda Serrote, município de Ipecaetá, residente em Santo Estevão-BA, Professora do Estado aposentada, licenciada em geografia pela UEFS-Universidade Estadual de Feira de Santana, escritora com quinze livros solo editados aqui e em Portugal, -pela Studios Editora, doze voltados ao público infantil. Organizadora e fundadora do Projeto Vivendo Criança já na sua VI edição com parceria de outros escritores infantil, patrocinadora de novos escritores mirins de escolas públicas no intuito de incentivar a leitura e escrita. Apaixonada pela literatura, contadora de histórias e incentivadora a literatura poética em sala de aula. Participação em várias antologias. Iniciando no mundo da literatura de cordel com curso e certificada. Recebeu vários prêmios como destaques poéticos: O Melhor da Poesia Encantada pela Editora Becatet, condecorada com Prêmios Literários: Monteiro Lobato, Menção honrosa pelo Consulado Isla Negra Del Mundo, participação na Revista Literária Lusofonia Divulga Escritor, Mérito Luíza Joaquina pela Embaixada da Poesia, Contos infantil premiados pelo Vozes da Imaginação e Palavra Brasil.

Homenageada pela Câmara Municipal de Vereadores, pela FLISE- Feira Literária de Santo Estevão e Escolas da rede municipal de educação.

Placa de reconhecimento literário pela Prefeitura Municipal de Santo Estevão.

Presidente fundadora da AVAL-Academia Virtual de Arte Literária, membro de Mulheres Maravilhosas, grupo literário organizado por Sol Figueiredo, membro da ALB-Academia de Letras do Brasil, Academia de Belas Artes-Minas Gerais.

Site onde encontram-se meus trabalhos poéticos.



http://iraazevedo.blogspot.com/

https://www.facebook.com/groups/1498942220380536

https://www.facebook.com/profile.php?id=100063679861664

@Cheirinhodepoesia (Instagram)

https://www.pensador.com/colecao/irarodrigues/

https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/







Irá Rodrigues- Santo Estevão BA

quinta-feira, 13 de julho de 2023

QUEM CONHECE SABE...


Que a roça é um paraíso
Tem cheirinho de hortelã
Traz toda essa magia
No orvalho da manhã.

É a paz que precisamos
Busque o que te espera
Lugar onde brota a beleza
Sempre será primavera.

A noitinha que delícia
O vento chega cantando
Bando de passarinhos
Nos galhos vão pousando.

Borboletas se espalhando
Colorindo toda a grama
Com toda suavidade
Parece lençol de seda na cama.

Autoria Irá Rodrigues....

SINFONIA DO VENTO


Quando passa nas árvores
Parece uma melodia
As folhas gargalhando
No raiar do dia.

Passarinho voa apressado
Com medo do vento levar
Borboleta fecha as asas
Deixa o vento passar.

Coruja olha espantada
Abre o bico devagar
Se o vento já passou
Logo começa a gritar.

Desperta os filhotinhos
No frescor do fim da tarde
Saem para caçar em silêncio
Sem fazer nenhum alarde.

Autoria Irá Rodrigues.

ROTINA DA ROÇA

Quero, quero grita na malhada

Galo canta no poleiro

Galinhas esfomeadas
Correm para o terreiro.

Gado berra no curral
Esperando a ordenha
Num canto cochilando
Dorme a vaca prenha.

Rotina da roça é assim
Nada fica parado
Sem esquecer a coruja
Com seu olho esbugalhado.

Todo dia é agitado
Se vive com felicidade
Do amanhecer ao anoitecer
Aqui é só tranquilidade.

Irá Rodrigues.

BORDANDO SAUDADES

É como costurar uma colcha
Emendando momentos
Bordando de saudades
Revivendo sentimentos.

É voltar lá no passado
Se sentindo criança
Abrir as portas do armário
Rever cada lembrança.

É coisa só minha
Que volta tão presente
Pode ser apenas bobagens
Que talvez ninguém sente.

Volta e meia vem as lembranças
Do meu mundo de fantasia
Se pudesse reviver tudo
Eu bordaria de poesia.

Autoria Irá Rodrigues.

O QUE VEJO DA MINHA JANELA


É a visão mais bela
Se eu fosse descrever tudo
Passaria uma eternidade
Uma tela pintada pelo Criador
Impressiona pela criatividade.

Um Sol com raios alaranjados
O verde que brota inspiração
Passarinhos com suas cantorias
Nos leva além da imaginação.

Vejo meu olha através do tempo
A natureza rebordada em flores
Vejo além do que minha vista alcança
Esse mundo pincelado de cores.

Vejo a vida passar apressada
Ouço o sussurrar do vento
Balançando as árvores
Invadindo meu pensamento.

Vejo o céu no seu mistério
Na beleza de cada dia
Vejo brotar no horizonte
Os desejos da poesia.

Autoria Irá Rodrigues.

TANTAS INCERTEZAS


Surgem em nossa vida
Bagunça a nossa mente
Ocupando todo o espaço
A certeza fica tão ausente.

Surge assim num instante
Embaralha nosso pensamento
Incertezas, deixa uma dúvida
Sem entender aquele sentimento.

Talvez seja insegurança
Chega com a força do vento
Sem força para a mudança.

Incomoda essa intuição
Ocupa a nossa mente
Buscando encontrar solução.

Autoria Irá Rodrigues.